1 de nov. de 2008

Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC
Discentes: Danielle Barros, Dayane Leal, Helem Viana, Islani Almeida, Letícia Almeida
Curso: Comunicação Social
Disciplina: Teorias da Imagem
Docente: Otávio Filho

RESENHA CRÍTICA

COHEN Peter. Arquitetura da Destruição. Direção: Peter Cohen. Elenco: Bruno Ganz, Rolf Arsenius, Sam Gray. Suécia, 1992.

O documentário “Arquitetura da Destruição” do sueco Peter Cohen, faz um contraponto na relação nazismo x obra de arte, apresentando ao público um grande projeto artístico alemão dos anos 30, criado pelo ditador megalomaníaco Adolf Hitler, que buscava os ideais de limpeza e embelezamento do mundo, através de princípios artísticos, aniquilando, com isso, tudo que fosse de encontro com a sua concepção de belo e harmonioso.E aqui se enquadram os deficientes físicos, a Arte Moderna e, principalmente os judeus.
Peter Cohen é um cineasta sueco, nascido na cidade de Lund. Seu documentário, “A arquitetura da destruição”, que levou alguns anos para atingir os cinemas alternativos dos Estados Unidos da América e Brasil, é a sua principal obra. Ele também produziu Homo Sapien 1990 ( 1998).
Analisar sob o ponto de vista artístico um acontecimento da importância da Segunda Guerra Mundial é a pretensão do citado documentário.
Até que ponto a arte pode influenciar e transformar a arquitetura sócio-política de uma época? Ou até que ponto a “arte”, que no imaginário do senso comum é tida como subalterna da política e de outras esferas da sociedade, pode ser definidora da vida humana? Ao assistir ao documentário de Peter Cohen, “A arquitetura da destruição”, podemos ter uma dimensão do quão considerável é o artístico no destino da humanidade.
A película traz um apanhado de acontecimentos da Segunda Guerra, afim de nos convencer como a “techné”, guiada aqui por idealistas déspotas, foi crucial nos feitos da doutrina Nazista.
A fim de almejar uma Alemanha perfeita e pura, Hitler apresenta sob um novo prisma o estado nazista, buscando basicamente mostrar seu projeto de limpeza e embelezamento da sociedade pelo ponto de vista da arte.
Hitler é apresentado como um pintor frustrado, que ambicionava também ser arquiteto. Admirador do compositor alemão Richard Wagner, o chefe do estado nazista teve como influência muitas de suas obras. Ao ouvir, quando jovem, a ópera wagneriana “Rienzi”, Hitler teria obtido a inspiração para seus futuros planos políticos. Além disso, outro fato de inspiração do ditador, exposto pelo filme, seria a antiguidade; um de seus maiores desejos era construir prédios iguais ou superiores em beleza e imponência àqueles erigidos pelas antigas civilizações gregas e romanas. Tais ideais foram primordiais para que Hitler começasse a por em prática sua ideologia nazista. A influência da arte associou-se também, a um padrão de estética e higiene que todos deveriam seguir em dia a dia, a fim de por um fim nas lutas de classe.
Hitler utilizou desse projeto intermediado pela arte, como justificativa para eliminação das minorias (judeus e deficientes) e de qualquer outro modelo de arte, a Arte Moderna, por exemplo, passou a ser taxada de “arte degenerada”, pois, segundo aquele pensamento, apresentavam deformações artísticas.
O documentário traz uma visão "diferente" e surpreendente, do nazismo, dum ditador sensível às artes. As maquetes da sonhada cidade de "Linz", a futura capital do mundo e grande marco da vitória nazista sobre a humanidade, apresentadas no documentario, lembram em muito, as antigas cidades gregas. O ditador alemão, tinha em sua mente doentia, a certeza de seu papel de grande arquiteto do "novo mundo", e que estava zelando pela pureza e saúde do "corpo do povo".

14 de out. de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.



Até onde transgredir a mediocridade cotidiana é pecado, crime ou falta de profissionalismo?
O processo de controle e repressão do erotismo nas artes, vivenciado principalmente no século XVI, foi estendido ao decorrer dos tempos e, nesse hoje chamado contemporâneo, é disfarçado sob a égide da máxima do “nascemos livre”, constitucionalmente livres! Aqui, não somente a Igreja, como à época de Ticiano, faz permear a censura entre as artes eróticas.Aqui, a própria sociedade se mostra incapaz de saber lidar com temas demasiadamente delicados, como assim o é a sexualidade.Não se trata de demitir um educador somente por conta de suas construções poéticas.A questão é bem mais psicanalítica e ontológica do que se mostra.Diz respeito de como e por quê tais construções poéticas podem nos atingir, podem encontrar resguardo em nosso íntimo..
Ora, o mundo é selvagemente capitalista, .Não devemos ter tempo para a poesia, quanto mais para a poesia erótica!( A não ser que ela gere altos lucros). E mesmo hoje, num momento informacional, lemos no noticiário que direção de colégio demite professor_Oswaldo Martins Teixeira_ pelo fato dele ter produzido versos eróticos.
Assim como as obras de Ticiano foram subjugadas pela religião cinco séculos atrás, o professor Osvaldo foi “castigado” pelas instituições família e escola por ousar ser artista.Uma fatídica censura intelectual em plena pós-modernidade.Pois os falsos valores ainda ditam nossa sociedade.E a arte ainda é vista como supérflua diante das necessidades das ciências,ainda mais se transgredir a hipocrisia humana ( nesse caso ela é demitida!). E assim o sistema vive... gerenciando uma falsa democracia.

Por Dayane Leal

Comentário crítico entre os textos da Folha da São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no séc. XVI

O texto publicado na folha de São Paulo retrata uma atitude conservadora e retrograda adotada por uma instituição de ensino particular contra um professor de português, no Rio de Janeiro. Dita moderna e inovadora a Escola Parques protagonizou um caso totalmente incompatível com os ideais de um grupo que se alto denomina “construtivo”, pressionados pelos pais de alunos que se acharam ofendidos por saber que seus filhos estudavam com um professor-poeta que usava o nu como referência em suas obras, os diretores do referido estabelecimento optaram pela demissão do funcionário em questão.
Essa ocorrência nos remete à polêmica instaurada na sociedade no momento em que a nudez passou a ser representada nas imagens, como nas “poesias mitodológicas” de Ticiano no século XVI. As obras de Ticiano tentavam demonstrar a sua relação com textos “vulgarizados”, dando-nos uma imagem da sua cultura diferente da geralmente aceita, através do erotismo. É inacreditável mas em pleno século XXI ainda dispúnhamos de pessoas ligadas à forma tradicional de comparação entre as artes, e neste caso especifico, a tal separação entre literatura poética e vida profissional. Se considerar-mos os tempos históricos, essa censura expressa através da demissão se torna ainda mais absurda, como entender tal postura diante de tantas evoluções ocorridas entre tais períodos? Será que estamos mesmo na modernidade?

13 de out. de 2008

Comentário crítico entre os textos da Folha da São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no séc. XVI


A leitura do texto de Carlos Ginzburg faz explanações sobre a questão da erotização da imagem emergida a partir do século XVI, que por sua vez foi um objeto de inquietação da Igreja católica, que as viam como uma forma de afastamento do controle do clero com a vida sexual dos fiéis. Na medida em que, despertava no espectador-fuidor imaginações puramente eróticas, excitando-o sexualmente através das representações femininas. A imagem sensual, portanto fazia brotar no espectador fantasias de gestos amorosos, até então inimagináveis por meio da pintura. Por isso, a lubricidade da imagem era censurada pela Igreja Católica. Hoje em pleno século XXI observa-se que tal mentalidade obscura e discrepante ainda permanecer em uma sociedade que se diz liberal, exemplo claro disso foi à demissão de um professor de português da Escola Parques do Rio de Janeiro, por escrever poemas eróticos em seu blog, que levaria possivelmente seus alunos à pensamentos lascivos e obscenos. Contudo, é importante ressaltar que os poemas tidos como eróticos também são literaturas antigas tal como é a própria literatura, então não há nada de incerto, pornográfico e novo, apenas um meio como outro qualquer de se fazer poesia. O saber poético luta contra a certeza de alguns de considerar poesias eróticas como imagens sem pudor e contrária à moral. É preciso extinguir esse paradigma enraizado na sociedade há tempos, pois de nada adianta tal cegueira hipócrita, censurando os olhos de ver o que mais lhes proporciona prazer.

Acadêmica: Islani Almeida da Silva


12 de out. de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Breve comentário acerca da censura à poesia visual erótica desde os tempos de Ticiano até hoje...
A apreciação de imagens, e a fantasia no mundo do erotismo são inerentes ao ser humano. Desde os tempos de Ticiano, por volta do século XVI, as imagens eróticas geraram celeuma para os ditames da Igreja Católica, que buscava manter hegemonia, regulando as ações do homem e buscando eliminar qualquer traço erótico que pudesse desvirtuá-lo. Por fim, essas imagens foram relegadas à apreciação para elite da época.
Muito tempo passou, pouco mudou. Hoje, cerca de 5 séculos seguintes, a censura ao erotismo continua, com suas discrepâncias. Enquanto em alguns locais não há controle, como na TV, nas novelas, seriados, e na internet, onde o acesso a todo tipo de conteúdo fica escancarado, crianças e adolescentes ficam à mercê da ação de pederastas, pedófilos, golpistas, etc; em outros, querem controlar demais.
Com todos esses perigos iminentes, recentemente uma escola “construtivista” do Rio de Janeiro, com aval dos pais, demitiu um professor poeta que escreve e estuda literatura erótica... Bela lição eles deram a seus filhos/alunos. Lição de censura intelectual, arbitrariedade e hipocrisia.
Será que se a indústria cultural adequasse essas poesias em suas fórmulas pré-concebidas e as transformassem em produto para sociedade de consumo eles protestariam? Quiçá até comprariam.
Mas sabe-se que, historicamente, a arte sempre teve seus perseguidores algozes. A impressão que se tem é que, parafraseando Elis Regina, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos ‘ancestrais’. Mas isso precisa mudar.
Imagem: Danielle Fortuna
Blogs relacionados:
http://www.germinaliteratura.com.br/enc_pfranchetti1_ago5.htm
http://misslibidonopaisdasmaravilhas.blogspot.com/2007/07/sonetos-luxuriosos-de-pietro-aretino.html
http://www.germinaliteratura.com.br/menu_eroticos2.htm

4 de out. de 2008

Texto de Ginzburg



Sumário do texto:
Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI de Ginzburg
por Helem Viana

O texto de Carlo Ginzburg trata do erotismo da imagem de Ticiano, um pintor renascentista, que versa para a tela os poemas eróticos de Ovídio, a pedido do rei Felipe II, que expunha os “poemas imagéticos” na sua sala de banho privada. A figuração erótica é tratada no texto, como sendo de dois círculos icônicos, sempre opostos, o público e o privado. Tratando da questão de supremacia religiosa e controle das massas traz dados de como o prelado servia-se das imagens para tentar estabelecer vínculos com o povo em diferentes níveis, sempre controlando o que era ou não erótico, o que podia ou não ser visto. Época em que se ganhava “consciência cada vez mais nítida, da função decisiva das imagens”. Apesar da popularização da imprensa, o que teria levado as imagens ao grande público, os registros das confissões dos pecados da época apontam para um contato mínimo com imagens. Os pecados eram provocados pelos “ sentidos do tato e da audição. A visão não é quase mencionada”.



Em ordem: Venus at her mirror, The rain of gold, Acts of Mercy

30 de set. de 2008

Análise sumária do texto de Ginzburg // Por Dayane Leal




"O rapto de Europa". Ticiano (1532)





Carlo Ginzburg, em um capítulo de “Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história” traz explanações acerca da atuação de imagens eróticas do século XVI e dos efeitos que elas poderiam provocar no espectador-fruidor.Para tanto, o autor faz uma retrospectiva sobre a história da imagem e um percurso pelas obras do pintor italiano Ticiano, já que em seus trabalhos é possível presenciar o erotismo, ainda que emblemático.
Durante o século XVI, a questão da imagem erótica torna-se objeto de atenção cada vez mais preocupada por parte da hierarquia católica, esta usa das imagens na tentativa de restabelecer uma relação com a massa de fiéis e de controlar-lhes sua vida sexual. À época, imagens intencionalmente eróticas eram, muitas vezes, inacessíveis às massas, reservadas assim à elite.Normalmente, tais imagens vinham formuladas num código cultural e estilisticamente elevado; o mitológico.A fantasia erótica deste período encontrava na mitologia clássica um repertório já pronto de temas.Nessa linha,Ginzburg traça um panorama do sentido existencial de um quadro erótico, tomando como base os trabalho de Ticiano.A constituição dos códigos eróticos é outro entrave do texto; de onde vem e como surge o erotismo em uma obra ( aqui, a de Ticiano).Se são “leituras” do poeta latino Ovídio ou meras cópias da vulgurização de seus versos o que se encontra em Ticiano, é uma questão debatida no intuito de responder o enigma que é a imagem erótica.